sábado, 10 de novembro de 2012

Filosofia da Comunicação (Carla Rodrigues) - 2012.2


GFL00083 - FILOSOFIA DA COMUNICAÇÃO
Segundas, 14h/18h
Prof. Carla Rodrigues

A partir da leitura do texto “Esporas – os estilos de Nietzsche”, do filósofo franco-argelino Jacques Derrida, o curso pretende refletir sobre o problema do estatuto precário da verdade e sua articulação, no pensamento de Nietzsche, com a questão da linguagem e com o estilo de escrita. Derrida faz parte de um amplo movimento de recepção do filósofo alemão na França dos anos 1960/1970. São interpretações de Nietzsche que Alan D. Schrift (2006) divide em dois grandes grupos. No primeiro, Derrida estaria ao lado de autores como Michel Foucault, Sara Kaufman, Philippe Lacoue-Labart e Bernard Pautrat. São leituras voltadas para a questão do estilo do discurso filosófico e para a forma literária de apresentação das questões filosóficas, que fazem parte, ainda segundo Schrift, de três importantes temas então dominantes no pensamento francês: a desconfiança em relação à hermenêutica, a reflexão sobre a natureza da linguagem, e a crítica ao humanismo metafísico. A ênfase na questão do estilo articularia o conteúdo do pensamento de Nietzsche com a forma de apresentação das suas ideias. Para estes autores, pensar sobre o estilo de escrita de Nietzsche passa a ser tão importante quanto pensar sobre o que ele escreve. O segundo grupo de leitores franceses de Nietzsche, do qual fazem parte novamente Derrida, mas também Foucault, Deleuze e Jean-François Lyotard, privilegiam temas como a ênfase na interpretação – que em Nietzsche, como em Derrida, é sempre um ato de força –, a crítica ao pensamento binário – que percorrerá toda a obra de Derrida –, a ligação entre poder e conhecimento, e a necessidade de julgar diante da ausência de critério. O objetivo do curso é partir de Nietzsche para se desdobrar na leitura que Derrida fez de Nietzsche.

Bibliografia principal

DERRIDA, J.Esporas: os estilos de Nietzsche. Tradução de Rafael Haddock-Lobo e Carla Rodrigues. Rio de Janeiro : NAU Editora, 2013 (prelo).
________. Éperons – les styles de Nietzsche. Paris : Flamarion, 1978.
________Spurs – Nietzsche’s styles. Chicago : Chicago Un. Press, 1979.

Bibliografia complementar

BLONDEL, Eric. “As aspas de Nietzsche: filologia e genealogia”. Tradução de Milton Nascimento. In: MARTON, Scarlett (Org.). Nietzsche hoje? O colóquio de Cerisy. São Paulo: Brasiliense, 1985.

DELEUZE, Gilles. Nietzsche et la philosophie. Paris: Presses Universitaires de France, 1962.

______. Nietzche e a filosofia. Tradução de Edmundo Fernandes Dias e Ruth Joffily Dias. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1976.

HEIDEGGER, Martin.  Nietzsche. Tradução de Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. v. I.

______. Nietzsche. Tradução de Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008. v. II.

KOFMAN, Sara. Nietzsche et la métaphore. Paris: Payot, 1972.

NIETZSCHE, F. “Introdução teorética sobre a verdade e a mentira no sentido extra-moral (verão de 1873)”. IN: O livro do filósofo. Tradução Rubens Eduardo Ferreira Frias. São Paulo : Centauro, 2004.

______. Ecce Homo. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

______. Genealogia da moral. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

______. A gaia ciência. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2001.

______. Aurora: reflexões sobre os preconceitos morais. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.

______. Além do bem e do mal. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2005a.

______. Humano, demasiado humano. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2005b.

______. Crepúsculo dos ídolos. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2006a.

______. Assim falou Zaratustra. Tradução de Mário da Silva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006b.

NUNES, Benedito. O Nietzsche de Heidegger. Rio de Janeiro: Pazulin, 2000.

SCHRIFT, Alan D.  “Nietzsche’s French Legacy”. IN: MAGNUS, B. e HIGGINS, K. (orgs). The Cambridge Companion to Nietzsche. Cambridge Press, 2006.

________. Nietzsche and the question of interpretation. NY/Londres : Routledge, 1990.

VATTIMO, Gianni. O fim da modernidade – niilismo e hermenêutica na cultura pós-moderna. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

_________. Diálogo com Nietzsche. Tradução Silvana Leite. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

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