quinta-feira, 21 de julho de 2011

Epistemologia I (Antônio Serra)

EPISTEMOLOGIA I – GFL 0039 – segundas e quartas – 07 às 09 horas

PROF. ANTÔNIO SERRA

Neste semestre letivo, gostaria de ampliar o espectro histórico do curso de Epistemologia, com a apresentação e discussão de modelos ou paradigmas do conhecimento científico na antiguidade clássica, na idade moderna e na idade contemporânea. Em relação à antiguidade clássica, será examinada a influência de algumas ciências (particularmente a geometria, a astronomia e a medicina), tanto nas concepções sobre o conhecimento, quanto na concepção cosmológica de tradição ou invocação aristotélicas, tal como a teoria geocêntrica de Ptolomeu, que prepondereu até os séculos 16 e 17. A idade moderna será estudada do ponto de vista da chamada “revolução científica”, com a caracterização da “revolução copernicana” e a emergência da “filosofia mecânica”, suas polêmicas em torno do fenômeno do movimento e a exposição do pensamento de alguns dos “filósofos naturais” responsáveis por essa revolução, dentre eles Bacon, Galileu, Kepler, Descartes e Newton. Neste capítulo, chamaremos a atenção para os pressupostos ontológicos das novas ciências (a qual mundo e realidade elas pretendem se referir?) e para a questão do método, sobretudo as discussões sobre a validade dos procedimentos experimentais e a incorporação de instrumentos de observação e medição como elementos essenciais do método científico. As mudanças de concepções e paradigmas nos séculos 19-20 terão como focos as ciências da vida (em especial as teorias sobre a origem e evolução dos seres vivos, nas quais a dimensão da historicidade ganha relevo) e as as novas teorias físicas (quanta e relatividade) e cosmológicas. As apresentações deverão ressaltar os aspectos históricos desses paradigmas, isto é, seu desenvolvimento e seus contextos históricos gerais, bem como trabalhar alguns conceitos-chaves desses modelos, como, por exemplo, os de determinismo, causalidade, força, espaço, tempo, movimento, vida e outros. Procuraremos apontar algumas repercussões ou interações entre as concepções científicas e as concepções filosóficas de um mesmo contexto histórico. É importante esclarecer que o teor concreto do curso dependerá, como sempre, dos interesses e da participação dos alunos. Além disso, devemos todos (eu e os alunos) estarmos atentos à amplitude e diversidade dos assuntos acima nomeados e procurar privilegiar a precisão e a apreensão do que for fundamental, para garantir efetivo proveito do curso. Por fim, que me esforçarei em conferir clareza e simplicidade às exposições dos temas, inclusive com a exibição de documentários que contribuam para facilitar o acesso às informações e a despertar discussõe. Além de bibliografias que serão indicadas durante o curso, podemos sugerir as seguintes obras como adequadas para a aproximação e acompanhamento do curso: F. M. Cornford, Antes e Depois de Sócrates, ed. Martins Fontes; John Henry, A Revolução Científica e as origens da Ciência Moderna, ed. Jorge Zahar; Alexandre Koyré, Do Mundo Fechado ao Universo Infinito, ed. Forense; Marcelo Gleiser, A Dança do Universo – Dos mitos de criação ao big-bang, ed. Companhia das Letras. Os que sentirem mais interessados no tema, podem ler algumas obras hoje clássicas: de Thomas S. Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas, ed. Perspectiva e A Revolução Copernicana: a astronomia planetária no desenvolvimento do pensamento ocidental, edições 70; de Paolo Rossi, O Nascimento da Ciência Moderna na Europa, ed. EDUSC – Editora da Universidade do Sagrado Coração e A Ciência e a Filosofia dos Modernos, ed. Unesp; e, de Edwin A. Burtt, As Bases Metafísicas da Ciência Moderna, ed. UnB. Sobre a cosmologia grega, há o interessante livro do grande físico Erwin Schrödinger, A Natureza e os Gregos, resultado da leitura dos pré-socráticos por um dos grandes nomes da física contemporânea, e, desse mesmo autor, O que é Vida? O Aspecto Físico da Célula Viva (seguido de Mente), ed. Unesp, obra que influenciou decisivamente os biólogos. Uma exposição acessível e ao mesmo tempo contendo discussões marcantes sobre questões contemporâneas pode ser lida em Criação Imperfeita, de Marcelo Gleiser, ed. Record. Os alunos serão avaliados mediante a apresentação, no final do semestre, de trabalho escrito sobre tema de relacionado com o curso, seja a partir de sugestões nossas ou de proposta do próprio aluno. Temos oferecido vagas também para alunos de outros cursos do ICHF e da UFF, e todos serão bem vindos. Obviamente que este programa poderá ser alterado a partir de sugestões dos alunos. Niterói, 14 de julho de 2011, a serra

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